Janeiro Branco: Iniciar o Ano com Saúde Mental
A campanha do Janeiro Branco pode não ser tão popular quanto o Outubro Rosa ou o Novembro Azul, dos quais já conversamos nos artigos: Outubro Rosa – Nós apoiamos a luta contra o câncer de mama e Por que comunicar o Novembro Azul na sua empresa?.
Mas sem dúvidas, traz uma temática muito em evidência nos últimos tempos: a Saúde Mental. Com os crescentes índices dos episódios de burn-out entre os profissionais, pelo excesso de informação, acúmulo de funções decorrentes de equipes mais enxutas e o próprio tabu que paira sobre as questões que envolvem avaliações e tratamentos mentais, a campanha é oportuna e assertiva para ações de endomarketing. Principalmente dadas as novas dinâmicas de trabalho impostas pelo isolamento social.
Orientada pelo lema “todo cuidado conta” neste ano, no site institucional desta campanha – desenvolvida por um grupo de psicólogos estabelecidos em Uberlândia (Minas Gerais) – encontramos a justificativa que explica sobre o mês escolhido e a abordagem para conscientização deste assunto:
“Porque, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais.
E, como em uma “folha ou em uma tela em branco”, todas as pessoas podem ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vida.”
A intenção de trazer leveza e agir com proatividade diante deste assunto delicado para a maioria é bem articulada entre o grupo de profissionais da saúde idealizadores. No site da campanha, é possível encontrar o vídeo oficial e materiais promocionais, como banners, bottons panfletos e postagens prontos para o download e uso interno. Confira em: Janeiro Branco .
É interessante perceber que o Janeiro Branco não promove apenas a Saúde Mental, mas também inclui a Saúde Emocional, trazendo uma nova dimensão de reconhecimento da importância do nosso bem estar como um todo e não apenas fisiológico. A abertura para o diálogo neste mês sobre a qualidade de vida psíquica chega em sua oitava edição neste ano, acompanhando as tendências de valorização e práticas que fomentam a felicidade dentro das empresas e no âmbito pessoal. A psiquiatra Emanuella Halabi, em entrevista à Agência Brasil, fala sobre a necessidade de incentivar as pessoas a buscarem ajuda profissional e investirem em tratamentos mentais sempre que necessário, quebrando as barreiras do constrangimento e estigma diante do tema.
A campanha é difundida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e ganhou reforços especiais no atual cenário da pandemia, pois uma quarta onda de doenças mentais é prevista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em decorrência das restrições da nova rotina de distanciamento social. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que 5,8% da população brasileira é depressiva e que somos o país com a maior prevalência dos transtornos de ansiedade, que atinge impressionantes 9,3% da população. Mais dados relacionados entre a depressão, ansiedade e os impactos do Covid-19, podem ser vistos no artigo completo da Agência Brasil: Janeiro Branco alerta para importância de cuidados com a saúde mental.
Estes indicadores refletem diretamente na produtividade e mesmo na nossa economia, uma vez que essas doenças são potencialmente incapacitantes, demandam afastamentos e impactam todos os indivíduos em torno do paciente. Ainda vale ressaltar que os processos mentais são graduais, e que devemos manter uma postura vigilante e preventiva frente ao stress, garantir a prática de atividades saudáveis de lazer e manter uma rotina de exercícios físicos consistente, ainda que leves. Os profissionais de saúde também recomendam evitar, principalmente durante a pandemia, o abuso de álcool, cigarros e substâncias psicoativas, que podem agravar quadros de ideação suicida e situações de violência, sobretudo em relação às mulheres – os casos de violência contra a mulher aumentaram 40% em 2020, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
O acolhimento também é uma parte importante na luta contra o preconceito e agilidade na busca de atendimentos e tratamento adequados. Ainda que com o distanciamento social, ações afetuosas e de afirmação da vida em vias práticas sejam dificultadas, conversas via meios digitais que tragam tom amigável, empatia e ausência de julgamento são essenciais para lidar com possíveis afetados. Não culpabilize o indivíduo pelo sofrimento ou minimize sua dor, ofereça auxílio e apoio para lidar com o momento e cerque-se de ajuda profissional sempre necessário. Como muito bem destaca a campanha: Todo cuidado conta.
Até breve e cuidem-se!